O que é a arte neoconcreta: conheça a história e os artistas desse movimento

A arte neoconcreta foi uma corrente artística que nasceu na década de 1950, no Rio de Janeiro, e que contou com artistas emblemáticos do circuito das artes. O neoconcretismo surgiu como uma oposição aos dogmas e conceitos ortodoxos da arte concreta.

O objetivo desse movimento foi o de propor mais subjetividade à arte. Em outras palavras, a arte neoconcreta quis ir além do geometrismo puro imposto pelo concretismo. Logo, contou com uma abordagem mais sensível e menos racional. Assim, também teve como proposta inserir o observador como peça-chave da obra, permitindo o toque e a manipulação e tornando-o parte da expressão artística da peça.

Dessa forma, descontentes com os conceitos do grupo de arte concreta e com novas ideias sobre a arte, o neoconcretismo teve seus preceitos expressos por meio do Manifesto Neoconcreto, em 1959, e contou com a participação de:

• Ferreira Gullar;
• Theon Spanudis;
• Reynaldo Jardim
• Sérgio de Camargo;
• Amilcar de Castro;
• Lygia Clark;
• Franz Weissmann;
• Lygia Pape.

Quer entender melhor como aconteceu o neoconcretismo na arte nacional e conhecer as obras incríveis que surgiram nessa fase? Então, continue lendo! 

O que é arte neoconcreta?

O Movimento Neoconcreto (1959-1961) foi uma corrente artística brasileira que se desenvolveu a partir do Grupo Frente do Rio de Janeiro, uma reunião de artistas liderada por Ivan Serpa.

Desprezando o racionalismo puro da arte concreta, os artistas neoconcretos propuseram uma arte menos científica e mais subjetiva e sensível. Assim, Ferreira Gullar inspirou a filosofia da arte neoconcreta por meio de um ensaio e, finalmente, na composição do Manifesto Neoconcreto. Logo, o movimento contou com outros importantes representantes, como Hélio Oiticica e Lygia Pape.

Quer saber mais sobre Lygia Pape e conhecer seu brilhante papel na história da arte brasileira? Então, leia: “Quem foi Lygia Pape e sua arte como experimento dos sentidos”.

Concretismo e neoconcretismo no Brasil

Depois da Primeira Guerra Mundial, houve fortes mudanças na forma de pensar e de fazer arte. Assim, movimentos artísticos baseados no racionalismo, como De Stijl e Bauhaus, surgiram e marcaram a história. Com eles, conceitos novos também apareceram, como o fato de muitos artistas passarem a acreditar que a humanidade era capaz de evoluir por meio de sua capacidade de raciocinar.

Na América Latina, as ideias de arte racionalista ganharam espaço nos anos 1950, como resposta ao muralismo. Com isso, como uma reação a regimes opressores, muitos artistas latino-americanos se rebelaram contra a ideia de promover o governo por meio da arte figurativa. Logo, o concretismo e a abstração geométrica tiveram seu início e, assim, fomentaram uma arte desvinculada de política.

No Brasil, ideias de arte racionalista e abstração geométrica surgiram no início da década 1950. Entre 1946 e 1964, a arte ganhou ainda mais força no país. Assim, grupos como o Ruptura, de São Paulo, e o Frente, do Rio de Janeiro, conquistaram mais adeptos.

Esses dois grupos divergiam entre si em relação a seus conceitos e propostas. Enquanto o Ruptura seguia o ideal cartesiano de matemática, o Frente buscava mais expressividade. Assim, percebendo que o concretismo possuía um certo caráter colonialismo e contava com uma base extremamente racional da estrutura abstrata, o Grupo Frente idealizou o neoconcretismo.

Em 1961, enquanto a política se transformava, artistas como Lygia Clark e Hélio Oiticica, líderes do movimento neoconcreto, recusaram-se a se limitarem apenas à filosofia da corrente. Assim, dedicaram sua energia e trabalho à arte conceitual.

Quer entender melhor como aconteceu a arte conceitual no Brasil? Então, leia: “Arte Conceitual no Brasil: conheça suas características, artistas e obras”.

Neoconcretismo: obras 

Na essência da arte neoconcreta estava a noção de que a arte deveria ser fisicamente vivida. 

O tema do “vazio”, ou mesmo o imperceptível, também lembra o que o poeta Ferreira Gullar disse sobre as obras de arte neoconcretas: “elas não são objetos, mas expressões”. 

O neoconcretismo — reação ao caráter “científico” da arte concreta e do golpe militar de 1964 — foi, como disse  Ferreira Gullar, nascido da “contradição”, privilegiando “mente e corpo, razão e sensação”.

“Relevos Espaciais”- Hélio Oiticica. Crédito: Percipiências 

“Relógio de Sol”- Lygia Clark. Crédito: BBC News

“Livro da Noite e Dia”- Lygia Pape. Crédito: Fibonaccisusan 

A gravura abaixo está no acervo da Laart! Clique aqui e conheça, em detalhes, essa peça. 

“Sem título”- Ferreira Gullar. Crédito: Laart. Foto de Joca Meirelles

A gravura a seguir também está no acervo da Laart! Clique aqui e saiba tudo sobre ela. 

Obra de Lygia Pape. Crédito: Laart. Foto de Joca Meirelles

O papel da poesia nas artes concretas e neoconcretas

Na década de 1950, a diferença entre paulistas e cariocas foi destacada na poesia produzida por seus intelectuais. 

A ruptura entre poetas concretos e neoconcretos surgiu por causa de um artigo publicado pelo poeta Haroldo de Campos, de São Paulo, anunciando um método matemático na elaboração da poesia concreta. 

Os artistas do Rio consideraram a proposta inviável, acabando com a ligação estético-intelectual. Este foi um sinal claro dos artistas do Rio de que eles iriam trilhar um caminho espontâneo guiado menos pela objetividade e pela razão, e mais pela pesquisa subjetiva e pelos experimentos envolvendo o corpo humano. 

É precisamente a essa coleção de obras que agora nos referimos como arte neoconcreta.

Ferreira Gullar e um de seus poemas neoconcretos. Crédito: Formas Fixas

Quer conhecer outras obras em gravuras desse movimento? Pois o nosso acervo conta com peças originais de Judith Lauand e Ferreira Gullar, entre outros. Todas vêm com certificado de autenticidade e você as recebe em casa com toda a segurança de comprar no marketplace mais importante do mundo de arte.  Clique aqui e conheça outros artistas e sensacionais obras disponíveis em site da Laart!