arte conceitual no brasil

Arte Conceitual no Brasil: conheça suas características, artistas e obras

Cultuada por muitos e incompreendida por alguns, a arte conceitual no Brasil é um movimento carregado de críticas à sociedade. Surgido na década de 1960, nos Estados Unidos e na Europa, essa expressão artística valoriza mais a ideia do que a obra.

Quer saber mais sobre esse estilo e saber como aconteceu a arte conceitual no Brasil? Então, leia o artigo até o fim!

O que é Arte Conceitual?

Basta pensar que a arte conceitual valoriza mais a ideia da criação do que a estética e, até mesmo, a existência da obra. Logo, por meio dessa manifestação artística, o entendimento da peça torna-se indireto, pois obriga o público a refletir e a sair da observação passiva.

Despontando como um desafio às classificações impostas à arte por galerias e museus, a arte conceitual rompeu com o tradicionalismo, e abriu caminhos para outros tipos de arte, como a performática e as instalações.

Por meio desse movimento, os artistas desejavam popularizar suas peças, transformando sua arte na própria linguagem, isto é, em um meio de difundir suas ideias.

Quer saber mais sobre o assunto? Então, continue lendo!

Características da Arte Conceitual

A arte conceitual conta com características bem marcantes. São elas:

  • A estética deixando de ser prioridade;
  • O prevalecimento dos pensamentos e ideias por trás da obra;
  • As críticas ao formalismo e ao mercado da arte;
  • A oposição ao consumo e ao materialismo;
  • A ruptura com o tradicionalismo ;
  • A promoção da discussão de teorias e debates;
  • A definição de limites do “fazer artístico” baseado no questionamento: “O que é arte?”;
  • O estímulo à reação e à reflexão do público;
  • A popularização das obras;
  • O uso de novas formas de arte, como fotografias, textos, vídeos, instalações e performances;
  • O forte desenvolvimento da arte ambiental, arte postal e grafite (principalmente em áreas públicas).

Arte Conceitual no Brasil: artistas conceituais brasileiros e suas obras

A Arte Conceitual ganhou força no Brasil no fim da década de 1960, devido à conjuntura política do país. Com o regime ditatorial impondo uma repressão dramática sobre as expressões artísticas, submetendo-as à censura prévia, os artistas brasileiros começaram a buscar alternativas diferentes de arte para, assim, propagar suas mensagens e criticar as condições impostas pelo regime militar.

Para isso, a linguagem metafórica e as ideias prevaleciam, já que a mensagem era muito mais importante do que a estética. Logo, de maneira natural e condizente com a situação do país, novas formas de expressão começaram a surgir, e muitos artistas brasileiros aderiram à essa proposta. Foram eles:

Anna Bella Geiger

Bastante estimulada pelo universo da Arte Conceitual, Anna Bella Geiger começou a explorar, a partir da década de 1970, novas linguagens para questionar a natureza e o lugar da obra de arte.

A produção da artista da época ficou marcada por seu caráter experimental, representado pela fotogravura, xerox, cartão-postal e vídeo, entre outras mídias, que retratavam a cultura nacional, o local do artista na sociedade e, é claro, o momento político do período.

Utilizando a cartografia com ironia e transgressão, o seu trabalho “O Pão Nosso de Cada Dia” (1978) revela delimitações culturais, políticas e sociais, tratando de temas antagônicos, como a periferia e o centro.

arte conceitual no brasil anna bella geiger

Crédito: Tate

Antonio Dias

Com currículo exemplar, Antonio Dias foi o primeiro artista brasileiro a participar ativamente de eventos artísticos nas mais importantes instituições internacionais. As peças de seus primeiros anos apresentavam forte questionamento político, social e de censura. A partir de 1965, começou a estreitar o contato com a produção europeia, adotando, progressivamente, uma postura mais reflexiva e social.

Questionando, constantemente, o próprio conceito de participação. A sua obra “Faça Você Mesmo: Território Liberdade” (1968) traduz o modo como o artista se move no espaço da arte, um lugar de infinitas possibilidades e mutações constantes formado por vários modalidades de expressão.

arte conceitual no brasil antonio diasCrédito: Política da Sensibilidade

Cildo Meireles

Em frente ao cenário político do país, Cildo Meireles criou objetos e instalações que questionavam a ditadura e a dependência do Brasil na economia global. Assim, com o objetivo de criticar o regime, o artista arquitetou uma série de trabalhos nas décadas de 1970 e 1980. “Inserções em circuito ideológico: Projeto Coca-Cola” é uma de suas obras mais marcantes.

Para essa experiência, Meireles inseriu a frase “Yankees GO Home” em garrafas de Coca-Cola, um importante símbolo do imperialismo americano. Além da temática política, esse projeto tinha como meta indagar sobre outros temas da arte conceitual no Brasil.

arte conceitual no brasil cildo meireles

Crédito: Tate

Claudio Tozzi

Com a intenção de propor um significado diferente para criar uma nova mensagem, o artista Claudio Tozzi abordava a linguagem dos meios de comunicação de massa de modo reflexivo e metódico. Logo, suas imagens foram construídas com forte influência gráfica, uma das mais importantes da arte conceitual.

Assim, a partir da década de 1970, seu trabalho começou a apresentar elementos metafóricos com o objetivo de propor reflexões à opressão cultural imposta pelo regime militar. A série “Parafuso” representa muito bem esse período, ao simbolizar, pela pintura, que esse objeto poderia perfurar um cérebro e prendê-lo a um determinado lugar.

arte conceitual no brasil claudio tozzi

Crédito: New City Brasil

Nelson Leirner

Considerado um artista polêmico, Nelson Leirner foi um importante representante do espírito vanguardista da arte conceitual no Brasil na década de 1960. Sua ideia de popularizar as obras de arte e introduzir a participação do público mostra como o artista estava inserido no contexto da arte conceitual.

Em 1974, Leirner criticou o regime militar por meio da série “A Rebelião dos Animais”, um relevante trabalho que fez com que o artista recebesse um prêmio como melhor proposta do ano.

arte conceitual no brasil nelson leirnerCrédito: Enciclopédia Itaú Cultural

Regina Silveira

Foi no fim da década de 1960 que Regina Silveira entrou em contato com a arte conceitual. Uma referência importante para a artista foi a obra de Marcel Duchamp, o precursor desse movimento. Assim, Regina Silva recriou e reinventou a peça em diferentes significados, de forma irônica.

O seu trabalho “In Absentia M.D” (1983) mostra a forte influência de Duchamp. Ao pintar no chão as sombras de algumas obras do famoso artista, Regina apresentou dispersões projetivas, não permitindo que o público conseguisse identificar a que objetos as sombras pertenciam e, assim, reforçou o fato da ausência de suas representações físicas.

arte conceitual no brasil regina silveiraCrédito: Bienal 

Viu como não é difícil entender o que é arte conceitual? Mesmo sendo um movimento que começou no exterior, temos grandes artistas de arte conceitual no Brasil, com obras muito importantes para a história de nosso país. Quer conhecer mais? Então confira a galeria online da Laart, onde apresentamos outros trabalhos desses célebres representantes da arte conceitual brasileira e de outras partes do mundo. Clique aqui e saiba mais!

Crédito da foto de capa: Laart. Foto de Joca Meirelles.

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