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Quem foi Ferreira Gullar? O artista dos poemas e das gravuras

“A arte existe porque a vida não basta”.

Essa citação de Ferreira Gullar, além de poética, expressa de forma graciosa a mais perfeita tese sobre a conexão da arte com o sentido de vida.

Nascido em 1930, o brasileiro Ferreira Gullar nunca foi óbvio. Afinal, representou muitos em um só, conquistando papel de destaque em tudo que se propôs a fazer, seja como poeta, artista, intelectual, crítico de arte ou gravurista.

Seus trabalhos marcaram a história da literatura brasileira e latino-americana pelo bom gosto e elevada qualidade. Assim, tanto a sua primeira grande coleção de poemas publicados em 1954 como a sua obra Concreta e Neoconcreta (1957 e 1959) influenciaram diversas gerações.

Seu brilhantismo foi tanto que, em 2014, Gullar conquista uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. Assim, torna-se um poeta imortal, um simbolismo sublime que combina com sua jornada.

Breve biografia de Ferreira Gullar

Nascido em São Luís do Maranhão como José Ribamar Ferreira (10 de setembro de 1930 – 4 de dezembro de 2016), o artista Ferreira Gullar elege, em 1951, o Rio de Janeiro como morada. Poucos anos depois, em 1959, ele se destaca como peça fundamental para a formação do Movimento Neoconcreto.

Sem papas na língua, Gullar fica conhecido por expressar tudo o que pensa. Assim, sua trajetória é marcada pelo espírito de livre pensador e por seu engajamento no cenário político. Uma prova disso é o fato de que ele se torna presidente do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC/UNE), em 1962. Dois anos depois, em 1964 (ano do Golpe Militar), filia-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB)

Seu temperamento e visão política não passam despercebidos. Assim, o decreto do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em 1968, o atinge em cheio. Logo, é preso e, em 1971, é exilado. Nos anos seguintes vive em países diferentes, como França, Rússia, Chile, Peru e Argentina, onde segue escrevendo para o Pasquim, um jornal que combatia a ditadura de forma inteligente e bem-humorada.

Enquanto mora em Buenos Aires, escreve seu mais famoso poema, Poema Sujo, de 1975. Lido em um encontro organizado por Vinicius de Moraes, o poema é gravado em fita. Então, o cantor o traz para o Brasil e o compartilha com vários outros artistas. Em seguida, o poema é transcrito e publicado em 1976.

Com mais de 2000 versos, “Poema Sujo” se baseia nas memórias de infância e na adolescência vivida em São Luís. Seus escritos também retratam a angústia em estar longe de sua terra natal.

Acreditando que aquelas poderiam ser suas últimas palavras escritas, Gullar enxerga nesse poema a necessidade de descrever “um testemunho final antes de silenciá-lo para sempre”.

Em 1977, seus amigos artistas negociam a volta segura de Ferreira Gullar para o Brasil. Em seu país, ele escreve em jornais e também publica livros. De volta, o poeta mantém uma coluna semanal de sucesso no jornal Folha de S. Paulo e também começa a escrever para o teatro e a televisão.

Entre os principais textos, ensaios, poemas e livros de Ferreira Gullar temos:

  •  “A luta corporal”, de 1954
  • “Manifesto neoconcreto” e “Teoria do não-objeto”, de 1959
  • “João Boa-Morte, cabra marcado para morrer”, de 1962
  • “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, de 1966 (peça em 3 atos)
  • “Dentro da noite veloz”, de 1975
  • “Poema sujo”, de 1976
  • “Na vertigem do dia”, de 1980
  • “Argumentação contra a morte da arte”, de 1993
  • “Muitas vozes”, de 1999
  • “Em alguma parte alguma”, de 2010
  • “Autobiografia poética e outros textos”, de 2015 (ensaio autobiográfico)

Quem foi Ferreira Gullar: gravuras e pinturas

Além dos poemas, Ferreira Gullar é reconhecido também como crítico de artes plásticas. Nessa área publicou títulos como Sobre Arte (1983) e Etapas da Arte Contemporânea: Do Cubismo à Arte Neoconcreta (1998).

A versatilidade de Gullar não se mostra apenas pela produção dos mais diferentes ensaios, reportagens ou livros, mas também por suas criações no campo da pintura e da gravura. Sobre essas estéticas, o artista fez a seguinte declaração:

“…um quadro, uma gravura ou um desenho pode nos facultar prazer estético –como, por exemplo, algumas gravuras de Marcelo Grassmann ou certos quadros de Iberê Camargo, ainda que o que nos mostrem seja uma cena cruel ou sofrida. Tudo bem, mas a questão que se coloca é a seguinte: não seria mais gratificante, para quem os vê, poder fruir deles, juntamente com a beleza formal e a realização artística, uma visão plena de vida e felicidade?”

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Crédito: Laart | Foto de Joca Meirelles

ferreira gullar biografiaCrédito: Laart. Foto de Joca Meirelles

Ferreira Gullar e o Neoconcretismo

Ferreira Gullar foi uma peça-chave para o Neoconcretismo, movimento de vanguarda que ocorreu no Rio de Janeiro de 1959 a meados da década de 1960.

Considerado um “divisor de águas” na história da arte brasileira do século XX, esse movimento teve Ferreira Gullar como um de seus precursores. Valorizando o subjetivismo da criação artística, o neoconcretismo surgiu também como uma forma de criticar o racionalismo e o dogmatismo do movimento concretista. Nesse cenário, Gullar guiou o movimento por meio de sua poesia, crítica de arte e trabalho de curadoria.

Além dele, artistas, como os poetas Reynaldo Jardim e Theon Spanudis, renovaram os parâmetros artísticos. Assim, combinaram a mídia tradicional (como pintura e escultura) com poesia, teatro, arquitetura, dança, literatura e design gráfico.

A relação de Ferreira Gullar com o movimento atingiu seu auge com a criação do “Manifesto Neoconcreto” (1959), que enfureceu acadêmicos, mas foi ovacionada por artistas de vanguarda.

O reconhecimento de Gullar aconteceu apenas na década de 1990. Nesse período, foi agraciado com os mais diversos prêmios e homenagens, como o Jabuti. Em 2002, recebeu uma indicação para o Prêmio Nobel de Literatura e, em 2014, aos 84 anos, tornou-se um imortal da ABL. Morreu dois anos depois deixando um legado e uma história de vida incríveis.

Ficou surpreso ao saber que o legado de Ferreira Gullar vai além de seus livros e poemas? Pois saiba que a Laart conta em seu acervo com algumas de suas gravuras mais emblemáticas. Clique aqui para conhecer e, de quebra, adquirir uma delas!

Além disso, aproveite para conhecer outros artistas que têm forte ligação com o movimento neoconcreto, como Cildo Meireles. Clique aqui e conheça uma de suas gravuras. Uma delas deve fazer parte de seu ateliê!

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