Gilvan Samico: obras e biografia do exponente da xilogravura
Considerado por muitos estudiosos como um dos maiores representantes brasileiros da xilogravura, Gilvan Samico marcou a história da arte tupiniquim como poucos. Fez isso ao mesclar criatividade e inovação, explorando narrativas da cultura nordestina, como a literatura de cordel, assim como lendas e mitos.
Conhecido por sua personalidade fechada e, até mesmo, arredia, o artista desmistificou esse rótulo em muitos momentos. Em uma entrevista concedida para a revista Istoé, o nordestino brincou com o título de ser um dos maiores gravuristas da história. Modesto, comentou:
“Fazer gravura não estava nos meus planos, e costumo dizer que se não fosse por uma série de queros, não seria hoje quem sou”.
Esses “queros” nada mais foram do que respostas afirmativas para convites irrecusáveis.
Isso porque ao longo de sua trajetória, o nordestino foi convidado a estudar com Livio Abramo e Oswaldo Goeldi, dois grandes nomes da arte em gravura, que inspiraram e influenciaram sua carreira e, assim, deram o tom para quem seria, futuramente, um dos mais emblemáticos gravadores do Brasil.
Ficou curioso em conhecer a biografia de Gilvan Samico, suas obras em xilogravura e demais peças? Basta seguir lendo!
Biografia de Gilvan Samico: início e influências
Nascido na capital de Pernambuco, em 1928, Gilvan Samico cresce em uma família numerosa de classe média do Recife. Lá, vive uma infância livre, repleta de natureza e de contato com animais.
O seu talento pela arte é percebido pelo seu pai, que o apresenta para o pintor e arquiteto e professor Hélio Feijó. Assim, o pernambucano se envolve com a arte e nunca mais para.
Logo, desperta o seu interesse pela pintura e o artista produz telas com influências expressionistas de Lívio Abramo e Oswaldo Goeldi, em 1957 e 1958, respectivamente.
Porém, apesar dessas figuras serem fundamentais como fonte de inspiração e aprendizado, a trajetória do artista se torna conhecida e famosa por suas xilogravuras.
Confira também:
- A história da Xilogravura de cordel: o papel da técnica na essência da arte;
- Xilogravura: 8 artistas que marcaram a história usando essa técnica.
A estética das obras e xilogravuras de Gilvan Samico
As xilogravuras de Gilvan Samico surpreendem pela meticulosidade e por refletirem suas vivências. Isso porque muitas delas contam com forte influência de elementos da natureza, com o quais o artista teve muito contato na infância, assim como características e temáticas da cultura nordestina, como a literatura de cordel.
Assim, o nordestino começa a ficar conhecido no cenário artístico local por produzir obras de elevada qualidade técnica. Logo, como um processo natural, se torna professor, lecionando sobre xilogravura na Universidade Federal da Paraíba, em 1965.
As obras produzidas pelo artista nesse período, além de explorarem o simbolismo e o misticismo, também se destacam pela simetria, por elementos que remetem ao sagrado e pela fragmentação geométrica do espaço.
No final da década, mais precisamente em 1968, recebe um prêmio e parte para a Europa, por onde fica durante dois anos.
Em seguida, é convidado por uma das figuras mais carismáticas e importantes do Nordeste, o escritor Ariano Suassuna, a fazer parte do Movimento Armorial, uma iniciativa artística que tem como meta desenvolver a arte erudita ao explorar referências da cultura nordestina.
Anos depois, já nas décadas de 1980 e 1990, o artista se volta com mais intensidade para a criação de cada gravura. Assim, desenvolve uma matriz por ano.
Perfeccionista, o pernambucano se dedica profundamente a essa arte, sempre em busca de encontrar a textura ideal.
Um ponto que merece destaque é que nada acontece por acaso em seu trabalho. Isso porque, durante toda a sua carreira, principalmente nos últimos anos, o artista além de testar diferentes cortes em suas gravuras utilizando a goiva como ferramenta, também estuda profundamente os símbolos abordados.
Em outras palavras, o trabalho do mestre da gravura e da xilogravura combina técnica, estudo, imaginação e talento inigualável.
Sua habilidade foi tão notória que Ferreira Gullar separou um capítulo inteiro em uma obra para o amigo:
Já no século XXI, o que ganha destaca é o livro Samico, que conta com a produção de mais de 60 gravuras do artista, além de pinturas inéditas. A obra ganha repercussão e é aclamada com o Prêmio Jabuti de Melhor Livro de Arte de 2012.
Gilvan Samico: obras e xilogravuras mais famosas
Confira as principais obras e xilogravuras de Gilvan Samico.
1. Menina dos Currupios (1958)
Crédito: Enciclopédia Itaú Cultural
2. O Boi Feiticeiro e o Cavalo Misterioso (1963)
Crédito: Enciclopédia Itaú Cultural
3. O Guardião (1979)
Crédito: Laart. Foto de Joca Meirelles
4. O Senhor do Dia (1986)
Crédito: Laart. Foto de Joca Meirelles
5. A Virgem dos Cometas (1991)
Crédito: Laart. Foto de Joca Meirelles
A linda trajetória de vida do artista termina em 2013, quando o nordestino morre aos 85 anos. Porém, seu legado, importância e inspiração continuam, uma vez que, mesmo após seu falecimento, suas obras são expostas em importantes museus do Brasil e do mundo.
Suas peças também fazem parte das mais charmosas galerias, como é o caso da Laart, uma galeria de arte online que trabalha com gravuras assinadas, exclusivas e de tiragem limitada das mais importantes personalidades artísticas do Brasil e da América Latina.
Todas as gravuras da Laart contam com certificado de autenticidade e são entregues com toda a segurança que você quer e merece.
Que tal conhecer melhor a estética de Gilvan Samico e comprar uma gravura para sua casa ou ateliê?
Crédito da foto de capa: O Globo
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