Carybé: quem foi esse artista argentino que retratou a Bahia como poucos? 

Carybé foi um artista argentino cuja alma era inegavelmente brasileira. Afinal, ele expressou, como poucos, a espontaneidade dos ritos religiosos baianos e o movimento e a graça de elementos tão intrínsecos de nossa cultura popular, como a capoeira. 

Combinando técnica com razão e emoção, o artista Carybé foi autor de um repertório extenso, composto por pinturas, esculturas, gravuras, ilustrações e murais. 

Quer conhecer a biografia do artista Carybé e suas obras? Basta ficar com a gente até o fim do post!

Biografia de Carybé: transitando entre fronteiras 

Nascido em 1911, em Lanús, em Buenos Aires, Carybé, nome artístico de Hector Julio Páride Bernabó, vive pouco em terras argentinas. Isso porque seu pai, inquieto e aventureiro, decide se mudar para Itália com o pequeno de 6 meses de vida, sua mulher e mais quatro filhos. 

Lá permancem até 1919. Logo, devido à situação difícil do pós-guerra e pela sede de seu pai de conhecer novos lugares, a família novamente parte para uma nova terra: o Brasil, mais precisamente para o Rio de Janeiro, onde o artista estuda na Escola de Belas Artes. 

É na cidade maravilhosa que ele é chamado pela primeira vez de Carybé, que nada mais é do que “pequeno peixe”. Assim, para se diferenciar do irmão, também artista plástico e com mesmo sobrenome, decide adotar o apelido. 

Nesse período, a família tem seu primeiro contato com o Carnaval. Assim, um de seus irmãos, em 1929, consegue um emprego para trabalhar com decorações da festa nacional. 

Com ele, recebe um bom dinheiro, que atua como um gatilho para que o pai retomasse suas andanças pelo mundo. Porém, desta vez, o destino pouco óbvio da família acaba sendo a Argentina, a terra natal de Carybé, ainda não explorada por ele.  

Apesar de feliz pelo retorno, a família enfrenta uma crise econômica mundial. Assim, todos tentam se adaptar, aceitando os poucos trabalhos que restam na capital do tango. 

Logo, Carybé e seus irmãos são contratados por um jornal como ilustradores e desenhistas de charges. Nessa época, o amor pela arte ganha uma grande dimensão. Afinal, paralelamente ao seu trabalho como cartunista, Carybé também produz pinturas e desenhos para sua satisfação pessoal. 

Crédito: Escola Educação 

O seu trabalho no jornal demanda muitas viagens para outros países. O contato com novas culturas e diferentes formas de expressões artísticas inspira as pinturas do artista. Em uma dessas excursões, conhece Salvador e, em 1944, visita novamente a capital baiana, onde aprende capoeira e descobre diferentes rituais, como o candomblé. 

Os anos seguintes são bastante agitados. Em 1946, casa-se com Nancy e o artista produz intensamente. Tanto que, em 1949, publica seu primeiro livro, Ajtuss, cujo conteúdo é totalmente escrito e ilustrado por ele. 

Em 1950 se muda definitivamente para Salvador e é lá que o artista de alma baiana se naturaliza brasileiro. 

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A estética do artista Carybé e o sucesso 

A estética de Carybé tem como traços principais a arte figurativa. Apaixonado por Salvador e por suas livres expressões, o argentino espelha em suas peças a cultura local, como o candomblé, o samba e a capoeira. 

A versatilidade e o talento do artista são expressos além das pinturas e das ilustrações. Isso porque nesse período, ele abraça novas técnicas. Assim, tanto as gravuras, como as cerâmicas e as esculturas de Carybé ficam conhecidas pela elevada qualidade técnica e criatividade. 

Crédito: Bahia.ba

No entanto, ele não se atém só a esses trabalhos, uma vez que também cria uma série de murais pelo mundo, recebendo aplausos também por eles. 

Em 1955, recebe o prêmio de melhor desenhista em uma Bienal de São Paulo. Nessa fase, o repertório do artista já atinge mais de cinco mil obras. 

Nesse contexto, suas ilustrações enriquecem o trabalho de outros ícones da arte, como dos livros do argentino Gabriel Garcia Marques e do amado escritor baiano Jorge Amado. 

Ao longo de sua carreira, recebe vários prêmios e homenagens, sendo um dos mais importantes o diploma Honra ao Mérito Espiritual ao Obá de Xangô Onã Chokun do Culto Afro-Brasileiro Xangô das Pedrinhas, que o artista conquista, em 1977, por transferir para suas obras  a cultura afro-brasileira e seus rituais e orixás de forma sublime. 

Mesmo mais velho, o artista não para de produzir. Tanto que nas décadas de 1980 e 1990, desenvolve trabalhos em xilogravuras, ilustra diversos livros e desenha cenografia e figurinos para espetáculos. 

O artista morre em 1997 em meio a uma sessão de candomblé. Contudo, suas obras continuam fazendo parte de diversas exposições e, em 2011, vários eventos comemoram o centenário do célebre artista. 

Principais obras de Carybé

1. Carybé Capoeira

Crédito: Pinterest 

2. Carybé Orixás

 

Crédito: Cultura Afro 

3. De tardinha 

Crédito: Laart. Foto de Joca Meirelles

4. Mercado 

Crédito: Laart. Foto de Joca Meirelles

Boa parte das obras de Carybé está presente hoje no Museu Afro-Brasileiro de Salvador, outras delas fazem partes de instituições e galerias, como da Laart!

A Laart é uma galeria de arte virtual que trabalha com gravuras assinadas e de tiragem limitada de artistas brasileiros e latino-americanos. 

Que tal ter uma obra de Carybé em seu estúdio ou ateliê e valorizar a cultura baiana e o trabalho desse mestre e, de quebra, dar um charme especial e exclusivo para o seu ambiente? Clique aqui e confira as obras disponíveis em nossa galeria! 

Crédito da foto de capa: O Globo