Vida e obra de Iberê Camargo: o legado do artista dos carretéis
Natural do interior do Rio Grande do Sul, Iberê Camargo foi um dos mais icônicos representantes da arte moderna brasileira. Este pintor, desenhista, professor de artes plásticas, gravurista e escritor deixou um legado impressionante. Sua trajetória não apresentou rótulos. Afinal, o artista não se enquadrou em um único estilo.
Multifacetado, versátil e talentoso, Iberê Camargo marcou a história da arte brasileira. No entanto, a vida desse gaúcho contou com acontecimentos dramáticos que mudaram sua percepção sobre a vida e transformaram sua arte.
Quer saber mais sobre o assunto? Então, leia este post até o fim e conheça a biografia de Iberê Camargo e suas obras!
Quem foi Iberê Camargo: biografia do artista
Nascido em 1914, em Restinga Seca, no Rio Grande do Sul, Iberê Bassani de Camargo desperta para arte logo cedo. Isso porque, com apenas 14 anos, ele já estuda o assunto na Escola de Artes e Ofícios em Santa Maria.
Essa paixão o faz sair da casa de seus pais e partir para Porto Alegre, onde estuda pintura. Lá, já um pouco mais velho, com 22 anos, frequenta o curso técnico de arquitetura, entre 1936 e 1939, no Instituto Belas Artes. No mesmo período, aprofunda seus estudos em pintura, sendo orientado por João Fahrion, um importante e conhecido artista gaúcho.
Em seguida, em 1942, em busca de mais conhecimento, o arquiteto Iberê Camargo segue para o Rio de Janeiro e, lá, inicia seus estudos na Escola Nacional de Belas Artes. No entanto, o rigor formal e o método padronizado do academicismo frustram a personalidade criativa do artista.
Logo, ele abandona seus estudos e segue de forma mais livre e, sob recomendação de Candido Portinari, participa de um curso de desenho do célebre Alberto da Veiga Guignard. Assim, um ano depois, em 1943, ele se alia a outros colegas e funda o Grupo Guignard, uma associação que também fica conhecida como “Nova Flor do Abacate”, nome dado pelo poeta Manuel Bandeira.
Posteriormente, já em 1948, a artista parte para a Europa e lá estuda com emblemáticos artistas, como Giorgio de Chirico e André Lhote. Dois anos depois, ele retorna ao Brasil e, em 1950 se filia à Comissão Nacional de Artes Plásticas.
Três anos depois, em 1953, a gravura de Iberê Camargo ganha destaque. Isso porque, nesse período, ele cria o curso de gravura em metal e, assim, dá aulas sobre o assunto em várias locais do Brasil e, mais adiante, do mundo.
Biografia de Iberê Camargo: projeção nacional e internacional
Entre 1954 e 1955, ele participa, junto a outros emblemáticos artistas, como Djanira da Motta e Silva, de importantes movimentos, como o Salão Preto e o Salão Miniatura. Por meio deles, protesta contra as altas taxas relacionadas à importação de ferramentas artísticas, fato que demonstra o espírito contestador do artista Iberê Camargo.
Em 1960, um dos trabalhos mais icônicos do artista é realizado. Isso porque a famosa série “Carretéis” é criada, evento que promove o estilo abstracionista expressionista de sua arte.
Um ano depois, em 1961, o trabalho e o talento do gaúcho são reconhecidos. Tanto que, nesse ano, ele é coroado com o prêmio de melhor artista brasileiro. Esse fato o torna mais conhecido tanto no circuito artístico nacional, como internacional. Logo, ele participa de várias mostras em cidades como Nova York e Paris, o que dá a sua carreira proporções épicas.
Em seguida, na década de 1970, o amor pelo ensino ganha destaque e ele leciona na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Vale destacar que a pluralidade do artista também pode ser observada no campo da escrita. Afinal, durante sua vida, ele compõe obras importantes, que abrangem tanto assuntos técnicos, como a gravura, como o segmento literário, por meio da produção de publicações de contos.
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Artes de Iberê Camargo: evento trágico que muda sua vida e trabalho
Em 1980, o artista sai de sua casa, no Rio de Janeiro, e se envolve em uma briga. Com personalidade forte e temperamento exasperado, se desentende com um engenheiro e o mata a tiros. Ele é preso em flagrante e fica um mês na cadeia.
Assim, alegando legítima defesa, é absolvido e, em seguida, retorna à sua terra natal. Porém, esse evento trágico transforma a vida e a carreira do gaúcho, que deixa o abstracionismo em segundo plano e começa a dar ênfase a um trabalho mais figurativo, dramático e melancólico.
A citação feita pelo artista resume bem como foi essa fase:
O falecimento deste grande representante da arte brasileira acontece em 1994, aos 79 anos. No entanto, seu legado de mais de 7 mil obras continua vivo na Fundação Iberê Camargo.
Iberê Camargo: obras
No início de sua produção artística, na década de 1940, as obras de Iberê Camargo ilustram desenhos de pessoas, paisagens e retratos urbanos. Um exemplo dessa época pode ser visto em sua tela “Dentro do Mato”, de 1942.
Crédito: Fundação Iberê Camargo
Nesse período, suas obras também apresentam elementos geométricos e cores escuras, como cinza escuro, marrom e preto.
Logo, o artista cria obras que se tornam símbolos de seu trabalho: os carretéis. No começo, eles são retratados de forma figurativa, mas depois, perto da década de 1960, são reproduzidos de modo abstrato.
“Carretéis” (1958). Crédito: Isto é
Já na década de 1980, devido ao acontecimento trágico que culminou em sua prisão, as obras de Iberê Camargo ganham um tom dramático e sombrio. Logo, suas pinturas apresentam personagens solitários e distorcidos. A partir daí surgem outras peças icônicas, como a série da “Ciclistas” e “A idiota”, que você pode ver abaixo:
“Outono no Parque da Redenção” (1988). Crédito: Fundação Iberê Camargo
“Tudo te é falso e inútil IV” (1992). Crédito: Fundação Iberê Camargo
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Crédito da foto de capa: Instituto Iberê Camargo
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