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Antonio Dias: biografia e obras do artista crítico e controverso

Considerado um dos artistas contemporâneos brasileiros mais importantes, Antonio Dias marcou a história da arte ao produzir trabalhos conceituais repletos de críticas ao governo, à opressão, à sociedade e ao próprio mercado de arte. Assim, seu legado ultrapassa a sua existência e ele se consagra entre as figuras mais emblemáticas do cenário artístico nacional.

Multifacetado e polivalente, suas obras apresentam características de movimentos artísticos distintos, incluindo o Minimalismo e a Pop Art. Dessa forma, categorizar suas peças de forma ordenada acaba se tornando uma missão impossível.

Sua fama e reconhecimento surgem na década de 1960. É nesse período que o célebre artista chama a atenção por seus primorosos desenhos e gravuras cheias de críticas irônicas e inteligentes à sociedade brasileira e à ditadura militar, o regime que havia acabado de tomar o poder pelo Golpe de 1964.

Em 1966, indignado pelo fato do país estar sob domínio autoritário, Antonio Dias muda-se para Milão. Permanece lá durante a década seguinte, trabalhando em peças fundamentadas no rigor formal e propondo reflexões sobre temas que conduziam a jornada desafiadora de seu trabalho, como a arte, a política, o “eu”e o sexo.

Quer saber mais sobre arte conceitual e conhecer outro artista brilhante que teve suas obras marcadas pela ditadura? Então, leia agora: “Quem é Cildo Meireles? Conheça o artista das instalações políticas”.

Biografia de Antonio Dias

Nascido em Campina Grande (PB), no ano de 1944, a vida de Antonio Dias não tem fácil início. O tempo e as condições da vida nordestina fazem com que ele e sua família comecem a vagar como nômades de uma cidade para outra. Assim, em 1957, todos se mudam para o Rio de Janeiro e é lá que os indícios como artista começam a aparecer, já que ele passa a atuar como desenhista e designer gráfico, cultivando a arte em seu tempo livre.

Com trabalhos que mesclam o movimento da arte concreta e o ímpeto revolucionário da Tropicália, o artista Antonio Dias nega os rótulos, também produzindo esculturas que contam com geometria abstrata.

Na década de 1960, o artista expressa sua arte de forma chocante, por meio de imagens viscerais em vermelho, preto e branco. Simbolizando o sangue e a sujeira, seu trabalho reflete os estágios iniciais da ditadura militar brasileira.

Neste período, o artista Antonio Dias cria obras emblemáticas. Evitando o hedonismo e a sensualidade de artistas como Hélio Oiticica e Lygia Clark, ele produz peças com forte contexto radical e de confronto.

Assim, suas pinturas exibem figuras desenhadas ou pintadas de forma grosseira, lembrando quadrinhos, fotonovelas e, até mesmo, a literatura de cordel, o que demonstra sua versatilidade e polivalência.

Alguns de se seus trabalhos lembram cadáveres e contam com elementos que se complementam em perspectiva tridimensional. Assim, com uma paleta grotesca, o artista Antonio Dias expõe, sem pudores, a pele, o cabelo e a carne, promovendo a reflexão sobre assuntos divergentes como erotismo e violência.

A obra de Antônio Dias, Morte Imprevista, de 1965, apresenta uma paródia da situação política combinando imagens cômicas de nuvens nucleares asfixiantes com gases tóxicos e soldados repletos de realismo. Assim, ao mesmo tempo que indaga também faz refletir.

Inquieto, o artista usa a estrutura dos quadrinhos e a iconografia do graffiti para denunciar a cultura comercial, forçando os espectadores a confrontar os traumas de seu cenário.

antonio dias obrasNota sobre a Morte Imprevista (1965). Crédito: Enciclopédia Itaú Cultural

Em 1965, Antonio Dias ganha o prêmio de pintura da Bienal de Paris, onde vive entre 1967 e 1968. Em seguida, ele decide se mudar para a Itália, estabelecendo-se em Milão. Nessa conturbada época de ditadura em que o otimismo dos anos 1950 já não impera há tempos, Antonio Dias captura a indisposição do momento e as reproduz por meio de pinturas distorcidas.

Com o país sob ditadura sangrenta, Dias se recusa a utilizar elementos festivos ou coloridos. Assim, expõe sua arte por meio de corpos fatiados e rasgados. Depois do exílio auto-imposto do fim de 1966, o artista se distancia da figuração e produz obras mais austeras. Assim, começa a pintar e a criar gravuras em blocos predominantemente monocromáticos.

antonio dias artistaCrédito: Laart– Foto de Joca Meirelles. Gostou dessa gravura? Clique aqui e saiba mais sobre ela!

De acordo com o crítico Paulo Sergio Duarte, a sua obra requer “um certo estrabismo: um olho no que está exposto, outro no problema formulado”.

O simbolismo das obras

Com telas com espaço amplo, o seu trabalho também inclui a presença de títulos e de palavras inscritas. No entanto, não explicam nem explicitam nada, apenas sugerem algo representacional, cuja relação entre a palavra e a imagem é tênue.

Como um simbolismo da experiência do exílio do artista, muitas de suas obras, como The Prison (1968), Anywhere is my land (1968) e Occupied Country (1971) não apresentam um contexto específico. No entanto, conseguem dizer muito para quem quer escutá-las de fato.

antonio manuel lima diasAnywhere is my land (1968). Crédito: Ocula

Já na década de 1980, Dias volta sua atenção para a pintura, e começa a experimentar materiais pictóricos orgânicos como ouro, cobre, óxido de ferro e grafite. Também combina a utilização de folhas de jornal e telas para dar suporte. Assim, demonstra uma arte repleta de símbolos e gestos.

antonio dias biografiaCrédito: Laart – Foto de Joca Meirelles. Gostou dessa gravura? Ela está no acervo da Laart! Clique aqui e saiba mais sobre ela!

No final da década de 1990, Dias começa a brincar de novo com cores vivas e forma pictórica. Assim, cria composições abstratas, emparelhando telas de diferentes tamanhos e formas.

antonio diasManivelas (Cranks). Crédito: ArtBasel

Quer conhecer a visão do artista Antonio Dias sobre a sua arte? Então, assista ao vídeo abaixo e encante-se com seu depoimento que exprime a sua relação com a pintura e a gravura.

 

Do início de sua carreira até o fim de seus dias, em 2018, Antonio Dias se esforçou para expressar a sua percepção sobre a vida e os momentos políticos e artísticos por meio de um trabalho contrastante e envolvente. Algumas de suas obras originais estão no acervo da Laart. Você não pode deixar de conferi-las! Caso queira adquirir alguma, não precisa ter receio, todas elas apresentam certificado de autenticidade e você as recebe com segurança no conforto de sua casa ou ateliê.

 

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Comments (3)

  • Poxa que site top. Muita informação de qualidade. Foi dificil achar algo de valor na internet. Abraço e sucesso

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  • Olá aqui é a Roberta Da Silva, eu gostei muito do seu artigo seu conteúdo vem me ajudando bastante, muito obrigada.

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