Como a arte surrealista moldou o curso da história da arte
Espontaneidade, sonhos, inconsciente e ausência de lógica: essas emblemáticas características moldaram a arte surrealista. Originado na França, no início do século XX, esse movimento não se restringiu apenas às artes plásticas, já que influenciou outras correntes importantes, como a literatura, o teatro e o cinema.
Focada no subconsciente e na imaginação, a arte surrealista renegava a lógica. Afinal, o racionalismo era considerado uma fábrica de tabus. Logo, todo juízo de valor era desprezado, assim como qualquer tipo de julgamento moral.
Além de rejeitar o racionalismo, a arte surrealista desdenhava do realismo literário. Assim, valorizando o impulso da mente e a imaginação gerada por ele de forma livre, essa corrente sofreu forte influência da psicanálise de Sigmund Freud.
Esse movimento, além de prestigiar a imaginação, também enaltecia a emoção e a criatividade geradas pela irrealidade e pela desconexão com o pensamento racional. Além de Sigmund Freud, Karl Marx inspirou esse movimento. Assim, essa corrente também promoveu críticas à sociedade e ao materialismo.
O que é Surrealismo?
A palavra “surrealismo” foi cunhada pelo poeta francês Guillaume Apollinaire, em 1917. No entanto, o início desse movimento aconteceu anos mais tarde, em 1924, em Paris, quando seu pupilo, André Breton, um poeta e escritor francês, registrou essa corrente.
Além de artista, André Breton foi um profundo estudioso da mente humana. Logo, o surgimento desse movimento teve como principal marco a publicação de seu Manifesto Surrealista. Assim, ele nasceu com o objetivo de libertar o pensamento das amarras tirânicas da racionalidade.
Colocando a imaginação e a sua fluidez acima da lógica e dos sentidos, a arte surrealista contou com um conceito bastante metafórico. A frase abaixo, de André Breton, mostra a valorização do simbolismo nessa corrente:
“O homem que não consegue visualizar um cavalo galopando sobre um tomate é um idiota.”
Rejeitando o controle da razão, a arte surrealista também tinha como proposta a criação de uma realidade superior, conhecida também como “maravilhosa”. Esse conceito objetivava produzir uma realidade superior à imposta pela sociedade burguesa do período.
Outra característica importante do surrealismo é o automatismo. Esse método tinha como meta promover o subconsciente e se desvencilhar do controle consciente para, assim, criar obras.
A tela de mídia mista “Battle of Fishes”, do artista surrealista André Masson, é um dos primeiros exemplos de pintura surrealista feita com base no automatismo.
Crédito: Moma
Vale destacar que o abstracionismo presente na arte surrealista não conquistou a unanimidade entre os artistas desse movimento. Isso porque muitos deles acreditavam que representar a realidade de um mundo físico poderia ser uma forma mais eficaz de expressar a arte. Afinal, ficaria mais fácil para o espectador fazer associações com o factível do que com uma realidade mais profunda, inconsciente e introspectiva.
Se você gosta de movimentos artísticos que promovem a reflexão e o debate, não deixe de ler: “Arte Conceitual: o que é, quais são suas características e artistas mais famosos?”.
Principais artistas do surrealismo
Embora o Surrealismo seja mais associado a figuras excêntricas como a de Salvador Dalí, outros importantes representantes do movimento surrealista também se destacaram, como:
No entanto, as figuras mais emblemáticas e famosas dessa corrente foram representadas pelos seguintes artistas:
Salvador Dalí
Nascido na Espanha, Salvador Dalí é, sem dúvida, um dos grandes mestres e figuras mais lembradas da arte surrealista.
Seus trabalhos expressavam combinações bizarras que exprimiam a paranoia, alucinações e o mundo dos sonhos. Com elevada qualidade técnica, o surrealismo de Salvador Dalí marcou a história da arte.
“O Surrealismo é destrutivo, mas ele destrói somente o que acha que limita nossa visão.”
Feita em 1931, “A Persistência da Memória” é uma de suas obras mais famosas, sendo um dos principais símbolos de pintura surrealista.
Crédito: Wikipédia
René Magritte
Nascido na Bélgica, René Magritte foi um dos principais artistas surrealistas de seu tempo. Suas peças instigam e perturbam ao mesmo tempo. O artista criticava o automatismo, pois o considerava pouco autêntico. Logo, extrapolou os limites do mundo onírico, explorando ilusões e conceitos subjetivos, e confundindo a mente de seus observadores.
Entre suas peças mais perturbadores e famosas, “Os Amantes” merece posição de destaque.
Crédito: Revista Cult
Joan Miró
Nascido na Espanha, Joan Miró, além de pintor, foi um importante escultor, gravurista e ceramista. Com trabalhos que se tornaram ícones da estética surrealista, Joan Miró promovia a fluidez do subconsciente, o sonho, a alucinação e a fantasia.
“O Campo Lavrado” é um de seus trabalhos mais memoráveis.
Crédito: Guggenheim
André Masson
Nascido na França, André Masson também se destaca entre os principais artistas do surrealismo. No entanto, por estar fortemente comprometido com a liberdade artística, o artista valorizava mais a criatividade do que os rótulos.
Assim, utilizando o método de automatismo para compor suas peças, o artista esbanjou inovação e produziu obras com bastante cor e qualidade técnica.
“A Metamorfose dos Amantes” é uma de suas pinturas mais conhecidas.
Crédito: WikiArt
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Max Ernst
Nascido na Alemanha, Max Ernst foi um pintor surrealista que criou importantes técnicas, como a frottage, e produziu peças que chocaram a instigaram. Provocativo, o artista não tinha receio em criar e gerar controvérsia. Assim, seu trabalho exibia sensualidade, erotismo, natureza e religião.
“A nudez de uma mulher é mais sábia mais do os ensinamentos de filósofos.”
Crédito: Max Ernst
Inegavelmente, a arte surrealista não é óbvia e promove bastante reflexão, não é mesmo? O que você achou desse movimento? Suas obras chamaram sua atenção? Pois saiba que a galeria da Laart conta com gravuras exclusivas dessa corrente artística. Duvida? Então, clique aqui e confira peças de tiragem limitada e com certificado de autenticidade.
Crédito da foto de capa: Laart. Foto de Joca Meirelles
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