Em 1952, León Ferrari se deparou com um problema: a filha mais velha, Mariali, sofria de meningite e, na Argentina, país onde nasceu e vivia até então, o único tratamento disponível não se mostrava eficiente. Entre pesquisas, ligações, consultas e especialistas, Ferrari descobriu, em Florença, uma clínica que teve sucesso no tratamento de alguns casos. Mariali chegou a receber a extrema unção no hospital, mas logo embarcou para Itália com o pai, que comoveu a tripulação e os passageiros e conseguiu desviar o curso: o voo, destinado à Piza, pousou direto em Florença. Mariali foi curada – apesar do medicamento argentino tê-la deixada surda. Ferrari permaneceu com a esposa e com a filha por mais três anos na Itália e, lá, começou a realizar seus primeiros trabalhos de arte em um ateliê em Roma.
A partir daí, Ferrari abandonou a vida de químico e começou a traçar sua carreira como um dos mais importantes artistas da América Latina. Com um processo vasto de experimentações, passou pela pintura, pelo desenho, pelos objetos tridimensionais, pela instalação, pelo vídeo e pela colagem e se estabeleceu como um artista crítico, polêmico e com uma ética clara, defendendo a justiça social e a liberdade. No entanto, por seu espírito combativo, Ferrari travou batalhas que levou até o final da vida.
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