Eduardo Sued: o mestre da cor
Eduardo Sued, pintor e gravurista carioca, é um homem de rotinas. Aos 95 anos, ainda se comprometia em pintar todo dia: acordava em sua casa em Ipanema, realizava sua rotina de exercícios e ia para seu ateliê em Jacarepaguá. Lá, pintava até as 17 horas e voltava para sua casa onde descansava em sua cadeira de massagem.
O compromisso de Sued com a arte lhe rendeu uma carreira vasta e das mais importantes no cenário das artes brasileiras. Sued nasceu no Rio de Janeiro, em 1925, e estudou com Henrique Boese, trabalhou no escritório de Oscar Niemeyer foi estudar na França nos anos 50, onde entrou em contato com o cubismo e, depois, ao voltar ao Brasil, estudou gravura em metal com Iberê Camargo em um ateliê na Lapa.
Mestre em seu trabalho com cor, Sued inicia sua primeira fase com trabalhos figurativos mas é quando abstrai o real de seus quadros que Sued muda o cenário das artes. Se a cor em Volpi e Dacosta já tinham um papel exímio, seus trabalhos ainda tinham um vínculo com o real – ainda que não fossem realistas, retratavam imagens que tinham alguma relação com o mundo. Quando Sued toma essa atitude, no entanto, seu trabalho é permeado apenas de cores, planos, linhas e formas. Sua obra se torna um mundo por si só.
É verdade que depois dele, surgiram vários movimentos no Brasil com tal proposta. Os concretistas paulistas, por exemplo, tiveram uma cisão, a partir do Manifesto Neoconcreto, sobre a abordagem racionalista das pinturas. Mas Eduardo Sued sempre se pautou pela liberdade – não se comprometeu com nenhum movimento, e com nenhuma discussão sobre o que era a arte. Manteve sempre sua liberdade de olhar para o quadro – até de ouvi-lo, ele diria – e entender o que ele precisa para ser completo. Essa liberdade o permite criar uma obra que, sendo geométrica, é também íntima e de uma sensibilidade universal.
A liberdade de Sued, também, fez de sua obra, sempre única, capaz de se reinventar. Nos anos 70, introduziu ao seu esquema geométrica as pinceladas, até então invisíveis. Com o tempo, Sued começa também a criar novos formatos de quadro, não se limitando apenas pelo retangular. Nos anos 80, inclui em sua pesquisa também suas obras monocromáticas: como a mesma cor pode ser cores diferentes e faz obras em preto, em prata, em cinza. Já no final dos anos 90, começa a realizar instalações cromáticas.
Hoje, às vésperas de comemorar seu centenário, Sued é um dos nomes mais reconhecidos das artes no país.
Confira as gravuras de Eduardo Sued no nosso acervo.
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