No entanto, muito distancia a produção de Valentim da dos artistas modernos dos anos 1920. Se de um lado, estes valorizavam as culturas indígenas e afro-brasileiras que aqui foram criadas; hoje, mais de um século depois, cabe um revisionismo. Assim, o que a crítica aponta é que a abordagem dessa antropofagia oswaldiana tem reverberações também como violência. Afinal, a maneira de construir e perceber sujeitos – e a realidade, de modo geral – é uma herança do projeto moderno europeu e, por isso, sempre carrega consigo traços do colonialismo. Assim, ao tratar dessas culturas, sem estabelecer um recorte de raça-etnia, gênero e classe, sob o viés de uma elite branca, o fenômeno é hoje percebido como uma apropriação. Ou até como um processo de outrificação, ou seja, de usar esses elementos para criar um “sujeito brasileiro universal” (mas que é sempre branco) e, a partir daí criar os “outros” (os negros e os indígenas), que são negados a essa subjetividade.
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