Xilogravura: descubra a história da técnica

Em um mundo onde a tecnologia reina, os processos artesanais ainda são muito usados pelos artistas. A xilogravura, uma técnica milenar, combinando habilidade manual e criatividade, desafia o tempo e se mantém como um formato expressivo usado para criar obras singulares. Mas como essa técnica conseguiu sobreviver por séculos?

A arte da xilogravura é uma expressão cultural rica e diversificada, com infinitas possibilidades criativas que envolve o corte de figuras em superfícies de madeira. Assim como a maioria dos tipos de gravuras, ela tem um processo minucioso, onde o gravador precisa esculpir uma figura na madeira com instrumentos afiados, remover as áreas desnecessárias (ou negativas) e, em seguida, aplicar tinta ao bloco entalhado. Por fim, o gravador pressiona o bloco na superfície desejada, criando a impressão.

a história da xilogravura

O começo da xilogravura remete ao século V, na China, mas que se espalhou pelo mundo nos séculos seguintes. Na Europa, a técnica foi utilizada para ilustrar livros e produzir cenas de paisagens e obras famosas. No Japão, a xilogravura foi empregada para criar imagens refinadas no estilo ukiyo-e. Artistas como Albrecht Dürer, Hans Baldung, Hishikawa Moronobu, Hokusai e Hiroshige, utilizaram a xilogravura em suas obras.

XILOGRAVURA NO BRASIL

A xilogravura no Brasil se tornou mais popular na literatura de cordel, combinando literatura, arte e história em uma tradição que marca o país a mais de 100 anos.

Originária de Portugal, essa técnica chegou ao Brasil no século XVIII e se desenvolveu no Nordeste, especialmente no sertão a partir da tradição oral de contar notícias e histórias que com o tempo se transformou em folhetos e livrinhos que eram vendidos em feiras e mercados, sendo pendurados em cordéis para exibição, daí a origem do nome. Ao utilizar histórias em verso impressas ilustradas com xilogravuras, para contar lendas, fatos históricos e crônicas sociais, a literatura de cordel se popularizou no sertão brasileiro e sua produção simples e de baixo custo permitiu que essa arte se tornasse acessível a todos.

 

J. Borges. Mulheres do Sertão, 2022. Xilogravura.
J. Borges. Mulheres do Sertão, 2022. Xilogravura.

Apesar de se popularizar nos cordéis, a xilogravura também ganhou espaço na arte moderna e contemporânea. Lívio Abramo, por exemplo, usou a inspiração dos cordéis para criar gravuras modernistas com um expressionismo autoral. Renina Katz usou da técnica em sua fase social, onde retratava a vida dos trabalhadores brasileiros. Manuel Messias juntou a xilogravura e a linguagem da publicidade para falar da ditadura e de outros temas sociais de sua época.

Renina Katz. Retirantes. Xilogravura.
Renina Katz. Retirantes. Xilogravura.
Lívio Abramo. Paraguay, las Ciudades Perdidas, 1965. Xilogravura.
Lívio Abramo. Paraguay, las Ciudades Perdidas, 1965. Xilogravura.

O nosso acervo conta com muitas xilogravuras, confira!

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