Regina Silveira teve uma formação extensa e tradicional: estudou pintura com Iberê Camargo, em Porto Alegre nos anos 60, e gravura com Marcelo Grassmann e Francisco Stockinger; depois foi para a Faculdade de Filosofia e Letras de Madri, como bolsista do Instituto de Cultura Hispânica. Lecionou em Porto Rico e no Brasil, em instituições como a FAAP e a ECA da USP. Mas, a partir do currículo extenso, criou um olhar disruptivo para as artes pautado pela liberdade.
Ainda nos anos 60, Silveira se revoltou com a pintura, em uma viagem à Europa, onde se encontrou com a arte contemporânea que, à época, se manifestava em diversos formatos. Foi um tratamento de choque para ela conviver com os artistas da sua geração dominada pela contracultura.
Do convívio, Regina começou a experimentação com vários formatos. Lançou mão da gráfica industrial, da serigrafia, da litografia, da fotografia, todas em formatos híbridos. Um de seus trabalhos mais reconhecidos no começo da carreira foram os cadernos “Brazil Today”, onde trabalhou intervenções gráficas a partir de cartões postais do Brasil, comprados no Aeroporto de Congonhas.
A partir disso, Silveira levou sua pesquisa para um tema recorrente em toda sua carreira: a desmontagem dos códigos tradicionais, que ela considera sua “armadilha preferida”. Seu trabalho consiste em distorcer as percepções de objetos cotidianos e banais, a partir da distorção dos códigos usados para representá-los. A perspectiva, por exemplo – discussão que permeia a sua carreira -, é um sistema criado para representar a imagem de maneira ilusionista, ou seja, que cause a impressão de um mundo real. Nos seus trabalhos, Silveira realiza deformações geométricas das figuras e questiona a percepção do espectador, mas também, a partir de fotografias, revela os esquemas geométricos que a compõem.
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