Hércules Barsotti: um artista neoconcreto

Em março de 1959, um grupo de artistas assinou um manifesto que causaria uma ruptura no cenário das artes da época. O Manifesto Neoconcreto criticava uma “perigosa exacerbação racionalista” da arte concreta e juntou artistas como Amilcar de Castro, Ferreira Gullar, Franz Weissmann, Lygia Clark, Lygia Pape, Reynaldo Jardim e Theon Spanudis, contra a ortodoxia e o dogmatismo nas artes e a favor de uma liberdade de experimentar e do resgate da expressão de uma subjetividade. Um dos artistas que se juntou ao grupo foi Hércules Barsotti.

“Não concebemos a obra de arte nem como “máquina” nem como “objeto”, mas como um quasi-corpus, isto é, um ser cuja realidade não se esgota nas relações exteriores de seus elementos.”

Trecho do Manifesto Neoconcreto, de 1959

Barsotti, nascido em São Paulo em 1914, aprendeu a pintar com Enrico Vio nos anos 20. Mas se formou em química e, por certo tempo, dividiu a carreira de químico com a de pintor. Uma se sobressaiu e, nos anos 40, Barsotti já se dedicava apenas à pintura. Naquela época, ainda não tinha encontrado os estilos que marcariam seu trabalho: pintava naturezas-mortas e paisagens surrealistas.

Foi só em 1953, já cansado de imitar a realidade, que começou sua série de desenhos abstrato-geométricos com nanquim, onde, a partir de diversas formas geométricas, preenchidas com linhas escuras em diferentes larguras e direções, conseguiu criar a ilusão de deslocamento dos planos.

Em 1958, Barsotti já tinha participado da Bienal de São Paulo e ganhou a medalha de prata do Salão Paulista de Arte Moderna. Logo depois, Barsotti e Willys de Castro foram para a Europa, onde conheceram Max Bill. O suíço influenciou muito o trabalho de Barsotti que, quando voltou ao Brasil, começou a trabalhar com os losangos – que viraram símbolo máximo de sua pintura. Além disso, começou a adicionar cor em suas obras, o que permitiu que jogasse com a tridimensionalidade dos quadros.

Nessa nova fase, Barsotti também se aproxima do Grupo Neoconcreto, com quem expôs em 1960 no Ministério da Educação e Cultura, no Rio de Janeiro, e no Museu de Arte Moderna  (MAM) de São Paulo em 1961. Além disso, também participou de uma exposição Konkrete Kunst (Arte Concreta), que Max Bill organizou em Zurique.

Conheça algumas obras de Hércules Barsotti:

Obras de Hércules Barsotti

Hércules Barsotti. Núcleo Aberto 1, 1971. Tinta acrílico-vinílica sobre tela.
Hércules Barsotti. Núcleo Aberto 1, 1971. Tinta acrílico-vinílica sobre tela.
Hércules Barsotti. Conexões Cruzadas, 1973. Tinta acrílico-vinílica sobre tela.
Hércules Barsotti. Conexões Cruzadas, 1973. Tinta acrílico-vinílica sobre tela.
Hércules Barsotti. Tensão Planar II, 1986. Acrílica e vinílica sobre tela
Hércules Barsotti. Tensão Planar II, 1986. Acrílica e vinílica sobre tela
Hércules Barsotti. Preto preto, 1962. Óleo e areia sobre tela
Hércules Barsotti. Preto preto, 1962. Óleo e areia sobre tela
Hércules Barsotti. Entidade Múltipla II, 1966. Tinta acrílico-vinílica sobre tela.
Hércules Barsotti. Expansão Ondulante I, 1969. Acrílica e vinílica sobre tela.
Hércules Barsotti. Expansão Ondulante I, 1969. Acrílica e vinílica sobre tela.

Há algumas gravuras de Hércules Barsotti no nosso acervo. Conheça!

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