Arte Concreta: A Estética Revolucionária do Grupo Ruptura

Em 1952, o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) inaugurou uma exposição considerada pelos críticos como a inauguração da arte concreta no país. Intitulada Ruptura, ela reuniu artistas como Anatol Wladyslaw, Lothar Charoux, Geraldo de Barros, Féjer, Luiz Sacilotto e Waldemar Cordeiro.

Esses artistas, em sua maioria de origem estrangeira, se aproximaram e se reuniram para discutir arte abstrata e filosofia e, juntos, criaram um manifesto que prometia dividir a história da arte brasileira.

O MANIFESTO RUPTURA

Publicado no mesmo ano, o manifesto do grupo Ruptura, diagramado por Haar e redigido por Cordeiro, causou comoção no cenário paulistano, especialmente entre artistas que criaram a estética nacionalista na década de 1930. Ao propor “a renovação dos valores essenciais da arte visual” e condenar toda e qualquer forma de arte figurativa, o grupo Ruptura adotou uma estética revolucionária que criaria diálogos entre a arte brasileira e o mundo.

A arte antiga foi grande quando foi inteligente. Contudo, a nossa inteligência não pode ser a de Leonardo. A história deu um salto qualitativo:

Trecho do Manifesto Ruptura (1952)

Conheça mais do manifesto.

NÃO HÁ MAIS CONTINUIDADE!

Os que criam formas novas de princípios antigos. Então distinguimos. Os que criam formas novas de princípios novos.

Trecho do Manifesto Ruptura (1952)

Frente aos avanços tecnológicos e ideológicos do começo do século XXI, a imagem – e a obra de arte – viu suas relações com o público mudarem. O que antes estava isolado em museus agora estava reproduzido em jornais, panfletos e televisões. Ao mesmo tempo, o meio de produção das artes permanecia o mesmo e seguia concebendo artista e obra da mesma maneira.

O grupo Ruptura buscou um novo meio de produzir arte dentro do contexto industrial e da reprodutibilidade. Eles passaram a conceber arte quase como um produto industrial, abrindo mão de sua aura religiosa aristocrática do “objeto único”. De modo que começaram, a partir da produção de múltiplos, a mudar a relação com o espectador e o consumidor.

POR QUÊ?

O naturalismo científico da Renascença - o método para representar o mundo exterior (três dimensões) sobre um plano (duas dimensões) esgotou sua tarefa histórica.

Trecho do Manifesto Ruptura (1952)

Além disso, o grupo propunha uma outra maneira de enxergar a arte. A arte como fenômeno a ser percebido, quando encarada, e não uma representação do mundo externo dentro das regras da perspectiva e da composição tradicional. As obras dos artistas do grupo tinham sempre um caráter abstrato geométrico.

FOI A CRISE, FOI A RENOVAÇÃO

Hoje o novo pode ser diferenciado precisamente do velho. Nós rompemos com o velho e por isso afirmamos:

É o velho: todas as variedades e hibridações do naturalismo; a mera negação do naturalismo, isto é, o naturalismo “errado” das crianças, dos loucos, dos “primitivos” dos expressionistas, dos surrealistas, etc…; o não-figurativo hedonista, produto do gosto gratuito, que busca a mera excitação do prazer ou do desprazer.

É o novo: as expressões baseadas nos novos princípios artísticos; todas as expressões que tendem à renovação dos valores essenciais da arte visual (espaço-tempo, movimento e matéria).

Trecho do Manifesto Ruptura (1952)

O grupo defendia a autonomia da arte baseada em princípios racionalistas e universais que seriam capazes de inserir a arte na sociedade industrial. A arte era vista como uma concreção da ideia, com bases matemáticas, onde o processo do indivíduo torna-se nulo. Esse princípios iam de encontro ao ilusionismo pictórico, ao tonalismo cromático e à criação de movimento virtual.

Eles permaneceram unidos até o final dos anos 50 e teve algumas adições como  Hermelindo Fiaminghi, Judith Lauand e Maurício Nogueira Lima.

CONHEÇA ALGUNS TRABALHOS

Geraldo de Barros. Fotoforma, 1960.
Geraldo de Barros. Fotoforma, 1960.
Waldemar Cordeiro. Sem título, 1949.
Waldemar Cordeiro. Sem título, 1949.
Anatol Wlasdylaw. Sem título, 1952.
Anatol Wlasdylaw. Sem título, 1952.
Luiz Sacilotto. Sem título, 1966.
Luiz Sacilotto. Sem título, 1966.
Judith Lauand. Concreto 28, 1966.
Judith Lauand. Concreto 28, 1966.
Judith Lauand. Quatro grupo de elementos, 1949.
Judith Lauand. Quatro grupo de elementos, 1949.
Maurício Nogueira Lima. Retículos, 1959.
Maurício Nogueira Lima. Retículos, 1959.
Waldemar Cordeiro. Estruturação da Luz, 1961.
Waldemar Cordeiro. Estruturação da Luz, 1961.

Algumas gravuras de artistas do grupo Ruptura estão no nosso acervo. Confira!

Share with

There are no comments

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Start typing and press Enter to search

Shopping Cart
Não há produtos no carrinho.