manabu mabe

Manabu Mabe, o pai do abstracionismo no Brasil

Entre o Japão e o Brasil, Manabu Mabe grava, pinta e ilustra a vida. O artista nipo-brasileiro soube conquistar o mundo com suas técnicas e emoções passadas através de suas obras. 

Considerado como o pioneiro do abstracionismo no Brasil, Manabu Mabe se destaca graças aos seus traços. Ficou curioso em saber mais sobre esse artista alegre e contemporâneo? Continue lendo e descubra o acervo da Laart!

“Manabu, vamos ao Brasil”

Manabu Mabe nasce no Japão em 1924, em uma família de cinco irmãos. Menino feliz e livre, ele gosta de escola e de pintura. “Muito bem desenhado. Vocês todos devem desenhar assim”, elogia um professor após ver um desenho seu em um guarda-chuva japonês. O incentivo do mestre dá, nesse momento, lugar à vocação do pequeno Manabu Mabe.

Ele deixa a cidade de Kobe para migrar para o Brasil com a família. Uma nova aventura para um menino apaixonado pela natureza. A família instala-se nas plantações de café de São Paulo, onde ele se depara com um arco-íris natural: o vermelho da terra, o verde das florestas, o amarelo da manga e a alegria dos insetos, ventos e gado. 

Chove chuva e o artista desabrocha

Manabu Mabe vê o mundo pela primeira vez em plena primavera. Na época de chuva, o lavoureiro descansa. O artista trouxe do Japão seus gizes de cera e materiais e aproveita essas horas úmidas para se dedicar à pintura. Observador por natureza, ele costuma inspirar-se do que está ao seu redor. Um papagaio, uma lagartixa, uma banana, tudo é exemplo de traços coloridos no papel. 

O jovem artista começa a pesquisar revistas e livros de arte. Deixa a lavoura familiar para trabalhar em uma lavanderia e tinturaria onde aprende a arte do tingimento de tecidos. Começa a corar gravatas e camisas em casa para revendê-las nas lojas da cidade. 

Um dia, ao caminhar na cidade, depara-se com uma bela caixa de tintas numa livraria. A curiosidade é grande em experimentar novas técnicas. Começa a pintar paisagens que ele tanto gosta. Dos objetos e animais do cotidiano, Manabu Mabe cria belíssimas naturezas mortas como a natureza-morta oléo sobre tela, em 1952.

manabu mabe obras

Quando pensamos em Manabu Mabe, lembramos sempre desse olhar puro do magnífico autorretrato de 1949, Oléo sobre tela.

manabu mabe artista

“Vamos passar fome, mas não sei fazer outra coisa. Vou pintar até morrer.” 

Após vender seu cafezal nos anos 50, Manabu Mabe muda-se para São Paulo. A cidade de Lins, para onde tinha se mudado com a família quando criança, fica a 500 km dos centros artísticos. Ele decide instalar-se na capital, determinado a trabalhar como pintor. Cerca-se de grandes nomes da arte e adquire conhecimentos técnicos permitindo aprimorar seus gestos artísticos. O autodidata encontra lá possibilidades de comunicação e aprendizagem com grandes artistas como Tomoo Handa e Yoshiya Takaoka. 

Porém, a vida de pintor não sustenta a família de três filhos e Manabu Mabe deve passar a pintar gravatas e placas. Um momento difícil para Manabu Mabe cujo objetivo de vida é a arte pura. Ele decide firmemente então consagrar sua vida à pintura. Para ele, a arte era o único propósito, independentemente das consequências. Um dia, ele fala para sua esposa: “Vamos passar fome, mas não sei fazer outra coisa. Vou pintar até morrer.” 

Identidade de Manabu Mabe 

Em 1958, ele recebe o Prêmio Leirner de Arte Contemporânea. Isso projeta sua carreira a nível internacional. O ano seguinte, ele é homenageado na revista Times por um artigo sobre seu trabalho intitulado The Year of Manabu Mabe (em português O Ano de Manabu Mabe). 

Ele começa a participar de inúmeras exposições e eventos artísticos no Brasil. O industrial filantropo e patrocinador Francisco Matarazzo olha um dia para ele e lhe sussurra: “Há muitas pessoas que lhe criticam por manter a sua nacionalidade japonesa, após tantos reconhecimentos no Brasil. Eu não penso assim, mas que tal se você se naturalizasse?”. 

Manabu Mabe reflete e decide se tornar cidadão brasileiro, de pleno direito. Essa naturalização é vista como um desapontamento pela família, mas o artista já se considera japonês latino, como costuma brincar.

O nome Manabu Mabe passa a ser internacionalmente reconhecido. Ecoa nas melhores galerias e rodas de conversas. Ele viaja para o Japão para sua primeira exposição em agosto de 1970. Acolhe e guia os visitantes, incluindo o casal imperial que parabeniza toda a obra do artista. A obra Flor do Amazonas teve particular sucesso. 

Manabu Mabe e a arte abstrata 

Das cores livremente distribuídas nas suas gravuras e pinturas, Manabu Mabe começa a traçar linhas negras nas naturezas-mortas e nas paisagens. Mas a vontade de liberdade artística se faz maior e o artista aspira a mais liberdade. Ele sai da zona de conforto e passa a compor obras mais abstratas, baseadas na composição. 

Manabu Mabe se inspira do mestre do cubismo Pablo Picasso, de quem tanto gosta, e se entusiasma com obras cubistas. Sua primeira obra Vibração-Momentânea realizada em 1955 ilustra perfeitamente essa técnica e o início dessa fase artística. 

Créditos obviousmag

Em 1959, Manabu Mabe é convidado a participar da 5º Bienal Internacional de São Paulo e obtém o prêmio do Melhor Pintor Nacional com as obras Composição Móvel, Pedaço de Luz e Espaço Branco. Observamos nessas obras referências à tradicional caligrafia japonesa, reflexo da paciência e beleza artística do país natal do artista. 

Créditos mabe.com.br

Para conhecer mais das obras abstratas do artista, acesse as obras de arte e não deixe de visitar a galeria da Laart!

Crédito da foto de capa: O Globo

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