Flávio de Carvalho: biografia e obras do artista plural e provocador
Com um olhar muito além de seu tempo e combinando experimentação com liberdade de expressão, Flávio de Carvalho marcou a arte tupiniquim de modo provocativo e inteligente.
Valorizando mais a emoção do que a lógica, o carioca desconstruiu padrões, reformulou a realidade e deu a luz a obras repletas de cores.
Apaixonado pelos holofotes e pela polêmica, a biografia de Flávio de Carvalho foi marcada pelo subjetivismo e pelo conceito, características que destacava em suas peças. Porém, elas também apresentavam a lógica matemática e a rigorosidade dos cálculos. Afinal, além de artista plástico, Flávio de Carvalho foi engenheiro e arquiteto, assim como atuou como designer, cenógrafo, desenhista, filósofo e escritor.
Sem preconceitos e avesso a tabus, ele é considerado o primeiro performer brasileiro a desafiar padrões e conceitos de uma sociedade tradicional.
Flávio de Carvalho foi tudo isso e um pouco mais, mas, acima de tudo, foi um homem com um visão utópica e brilhante sobre a vida, a arte e seus múltiplos significados.
Curioso em conhecer as obras de Flávio de Carvalho e sua biografia? Basta ler este post até o fim!
Biografia de Flávio de Carvalho: o início erudito
Em 1889 nasce, em Barra Mansa, município do Rio de Janeiro, Flávio Rezende de Carvalho. Filho de uma família de origem rica, o carioca se muda para São Paulo em 1900.
Porém, não se fixa na terra da garoa por muito tempo, uma vez que, ainda em sua infância, ele e sua família se mudam para a França, onde ficam por alguns anos e lá recebe uma rigorosa educação formal e erudita.
Assim, em 1918, parte para a Inglaterra, onde frequenta, pela manhã, o curso de engenharia e, à noite, estuda artes em uma famosa instituição.
Como um processo natural, se forma engenheiro em 1922, porém a arte fala mais alto, visto que decide retornar ao Brasil bastante influenciado por um dos eventos mais importantes da história da arte do país: a Semana de Arte Moderna de 22.
Leia também: Arte moderna no Brasil: o movimento, seus artistas e obras.
A provocação nossa de cada dia
De volta à terra natal, Flávio de Carvalho se torna um frequentador assíduo da cena intelectual e artística brasileira. Assim, se destaca por sua personalidade provocativa e espírito inquieto.
Bastante voltado para a estética modernista, ele incorpora esse sentido também às suas obras arquitetônicas. Além disso, participa de vários concursos públicos para mostrar suas construções. Não ganha nenhum, porém, seus projetos chamam a atenção pelo estilo diferenciado e por apresentar uma visão única da arquitetura moderna.
Já na década de 1930, mais precisamente em 1931, acontece a Experiência nº 2, uma performance que torna o artista famoso e conhecido como o primeiro performer brasileiro.
Nessa experiência, o carioca caminha por uma procissão religiosa com uma postura desafiadora, indo na contramão das pessoas, uma atitude considerada extremamente desrespeitosa.
Além de ir na contramão, ele também porta um chapéu. Considerando que a procissão exige que todos os participantes tirem chapéus e bonés como conduta de consideração e veneração, não é preciso nem dizer que Flávio de Carvalho é hostilizado e quase linchado.
Vale destacar que, dessa experiência, ele escreve um livro, o qual traz uma análise profunda sobre a psicologia de massas e que recebe forte influência da psicanálise freudiana.
Na mesma época, abre um ateliê e, junto a outros artistas famosos do período, como Di Cavalcanti e Antônio Gomide, funda o CAM, iniciais para o Clube dos Artistas Modernos.
A inovação contínua em sua trajetória, uma vez que, em 1933, ele ressalta a experiência da arte por meio do teatro. Encenando a peça o Bailado do Deus Morto, ele provoca e instiga por apresentar somente atores negros, uma proposta inédita até então.
Em 1934, realiza a sua primeira exposição individual, a qual dura pouco tempo, pois ela é concebida como uma atitude de atentado ao pudor e, assim, é fechada pela polícia.
Em 1956, uma época em que Flávio de Carvalho escreve para o jornal o Diário de São Paulo, seu editor pede a ele que desenvolva um modelo de roupa masculina. Assim, acontece a Experiência nº 3, outra performance polêmica, na qual o artista aparece desfilando pela rua com uma camisa bufante, saia e sandálias, um evento que escandaliza a sociedade.
Crédito: Folha de Valinhos
5 obras de Flávio de Carvalho mais famosas
A estética das obras de Flávio de Carvalho é predominantemente figurativa, bastante marcada por retratos de nus, mulheres e paisagens de sonhos. Assim, o artista oscila entre os estilos expressionista e o surrealista, assim como também incorpora às suas obras um pouco do dadaísmo e cores diferenciadas.
1. Casal (1932)
Crédito: Enciclopédia Itaú Cultural
2. Retrato Mme. Bruger (1933)
Crédito: Enciclopédia Itaú Cultural
3. Mulher Esperando (1937)
Crédito: Enciclopédia Itaú Cultural
4. Autorretrato (sem data)
Crédito: Pinterest
5. Gravura em Metal I (1972)
Crédito: Laart. Foto de Joca Meirelles
A morte de Flávio de Carvalho acontece em 1973. Porém, sua trajetória de tirar o fôlego jamais será esquecida. Quem discorda?
Sabe o que também é de tirar o fôlego?
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Crédito da foto de capa: Folha de Valinhos
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