Sérvulo Esmeraldo: entre a gravura e a escultura
“Tudo começou no Crato”, dizia Sérvulo Esmeraldo, ao começar uma longa história sobre o lugar onde nasceu. Esmeraldo nasceu no Crato, Ceará, em 1929, um cenário que permitiu aventuras e estimulou a sua curiosidade na infância, histórias que contou a vida toda e que chamava de “astúcias”. A curiosidade também já abria caminhos para sua carreira de artista: logo cedo, já descobria a ourivesaria e as gravuras de Goeldi.
Foi para Fortaleza nos anos 40 e se tornou xilógrafo: na época ilustrou algumas publicações e participou do VI Salão de Abril, em 1950. Em 1951, Sérvulo Esmeraldo veio a São Paulo para a montagem da 1ª Bienal de Arte. Quando acabou o evento, se mudou definitivamente para a cidade e começou a gravar e ilustrar em crônicas de arte para o Correio Braziliense. Nesse período, entrou em contato com Marcelo Grassmann e Lívio Abramo. Sua técnica em gravura já se destacava e, nessa passagem por São Paulo, Esmeraldo conseguiu realizar sua primeira individual no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP).
Sua passagem por São Paulo, termina quando ganha uma bolsa do governo francês e vai a Paris estudar École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, onde desenvolveu suas técnicas em litografia e em gravura em metal. Ao estudar com Johnny Friedlaender, inseriu em seus trabalhos traços abstratos e líricos, repletos de grafismos.
Na década de 1960, começa a se aproximar dos construtivistas e da arte cinética – quando entra em contato com artistas como Julio Le Parc e Jesús Rafael Soto. Se a imaginação para contar histórias de Sérvulo Esmeraldo era grande, na arte, ele criou, não histórias, mas novas realidades. Nessa década também, Esmeraldo abriu um novo mundo: deixou a exclusividade da gravura e começou a realizar sua produção de esculturas e objetos.
Produz, então, seus primeiros trabalhos cinéticos do qual se destaca Excitáveis, objetos cinéticos de acrílico que, ao serem tocados, mudam de cor. Nas esculturas, trabalha com chapas de metal e planos dobrados, e com formas geométricas vazadas. Seu trabalho se torna “suporte para evidenciar as linhas”, suporte pelo qual Esmeraldo desconstroi as formas geométricas.
Seu trabalho lhe rendeu, ainda em vida, 75 exposições individuais e 101 exposições coletivas que passaram por cidades como São Paulo, Londres, Houston, Bogotá e Belo Horizonte. Além disso, Sérvulo Esmeraldo também se dedicou bastante às obras públicas e realizou esculturas que estampam paisagens ao redor do país, principalmente na cidade que escolheu para morar até o final de sua vida, Fortaleza. Conheça algumas!
obras de sérvulo esmeraldo
Algumas gravuras de Sérvulo Esmeraldo estão no acervo da LAART. Confira:
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